sábado, 25 de maio de 2013

Todo dia era dia de Índio


Análises de DNA desvendam origem do povo da ilha de Creta



A civilização mais antiga da Europa acaba de perder parte da sua aura de mistério, graças a análises de DNA.
Os novos dados genéticos sugerem que os minoicos, construtores de palácios na ilha de Creta, eram aparentados aos atuais habitantes da Grécia e a outros mediterrâneos, como os portugueses. 
O resultado surpreende porque, desde a descoberta dos palácios minoicos no começo do século passado, os arqueólogos tendiam a enxergar a civilização de Creta como totalmente diferente dos gregos que vieram depois.
Para o britânico Sir Arthur John Evans (1851-1941), responsável por escavar a metrópole cretense de Knossos, a arte e a arquitetura do lugar sugeriam influências do Egito e da Líbia.
Apesar disso, Evans batizou os construtores de Knossos com um nome inspirado na mitologia grega. É que Minos, para os gregos, era o nome de um rei mítico de Creta, e as salas do palácio de Knossos lembravam, para Evans, o labirinto no qual, segundo o mito, vivia o Minotauro, monstro com cabeça de touro e corpo humano.
Pinturas minoicas mostram uma espécie de tourada, na qual acrobatas saltavam por cima dos animais. Estudos posteriores mostraram que a civilização floresceu de 2700 a.C. a 1500 a.C.
Em estudo na revista "Nature Communications", a equipe liderada por George Stamatoyannopoulos, da Universidade de Washington em Seattle (EUA), analisou o DNA de 37 indivíduos sepultados em cavernas da região de Lassithi, no centro-leste da ilha, no período minoico.
O material genético obtido das ossadas foi o DNA mitocondrial, presente nas "usinas de energia" do organismo e transmitido só de mãe para filho. Como ele está em muitas cópias nas células, isso facilita sua recuperação em amostras muito antigas.
Comparando esse DNA com o de 135 populações atuais e antigas, Stamatoyannopoulos e companhia viram que os povos do norte da África estavam entre os parentes mais distantes dos cretenses.
O material genético minoico batia mais com moradores atuais de Lassithi, outros gregos antigos e modernos, portugueses e habitantes da Sardenha na Idade do Bronze.
A hipótese do pesquisador é que os minoicos foram um "produto nacional", descendentes dos primeiros homens modernos a colonizarem Creta, há 9.000 anos, oriundos da atual Turquia e dos Bálcãs.
Se isso for verdade, a época bate com a difusão inicial das línguas indo-europeias, como o grego e o latim.
"Temos evidências convincentes de que os minoicos tinham a mesma origem que os indo-europeus", afirmou Stamatoyannopoulos à Folha. E, para ele, isso pode ser uma pista crucial para decifrar a escrita minoica.
O autor reconhece uma limitação nos dados: como só é passado pela linhagem materna, o DNA mitocondrial pode estar associado a povos anteriores subjugados por gregos, e isso explicaria a continuidade entre minoicos e a Grécia moderna.
Ele diz que agora vai buscar dados sobre o cromossomo Y, a marca genética da masculinidade, nas populações cretenses.

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quinta-feira, 23 de maio de 2013

O contador de histórias




Paim e Delcídio pedem conclusão do processo da Raposa Serra do Sol

A demarcação da Raposa Serra do Sol pode servir de jurisprudência, proporcionando critérios e norteando as diversas demandas envolvendo a demarcação de terras indígenas. 

Paulo Paim (PT/RS) e Delcídio do Amaral (PT/MS) e mais 14 senadores encaminharam um ofício ao presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Joaquim Barbosa, pedindo a redistribuição do processo que decidirá sobre a demarcação da reserva indígena Raposa Serra do Sol, em Roraima.O processo está sem ministro relator desde que o ex-presidente do STF, Ayres Britto, aposentou-se, em novembro do ano passado. O STF já homologou a reserva em terras contínuas e de determinou a retirada de não-índios da área. 

A Corte, porém, não apreciou os embargos declaratórios, pedidos de esclarecimentos sobre a sentença judicial de 2009, apresentados após a publicação da decisão. 

A demarcação da Raposa Serra do Sol pode servir de jurisprudência, proporcionando critérios e norteando as diversas demandas envolvendo a demarcação de terras indígenas no País. O STF já homologou a reserva em terras contínuas e de determinou a retirada de não-índios da área. A Corte, porém, não concluiu o julgamento, o que afeta a análise de outros conflitos fundiários semelhantes existentes no País. 

A Raposa Serra do Sol, uma das maiores terras indígenas do País, tem 1,7 milhão de hectares, no estado de Roraima, pertencente aos povos Ingaricó, Macuxi, Patamonas, Taurepangues e Uapixanas. Sua demarcação foi homologada em 2005, por um decreto do ex-presidente Lula. Atualmente, o Brasil tem cerca de 600 terras indígenas, que abrigam 227 povos e uma população de 480 mil pessoas. Essas terras representam 13% do território nacional, ou 109,6 milhões de hectares. 

Cyntia Campos

sábado, 18 de maio de 2013

Marighella










O preço da paz




Dia Nacional de Combate ao Abuso e Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes



A triste história por trás da data 18 de maio, Dia Nacional de Combate ao Abuso e Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes.
O dia de 18 de maio, infelizmente, foi baseado numa história que chocou a sociedade brasileira durante as décadas de 70 até 90 (quando se deu o fim definitivo do caso, em 1991). 
Foi um dos casos mais violentos e delicados que o estado do Espírito Santo conheceu, mas que trouxe e ainda traz um alerta ao Brasil.
Há exatamente 40 anos, Araceli Cabrera Crespo, uma menina de 8 anos, saia mais cedo da escola a pedido de sua mãe; dirigiu-se ao ponto mais próximo e seguiu em direção ao centro de Vitória, como fora pedido no bilhete deixado na escola com a assinatura de Dona Lola Sanchéz.
 Após esse dia, Araceli nunca mais foi vista com vida. Passado um tempo sem ter notícias da filha e preocupado pelo fato da menina não ter voltado para casa, Gabriel Crespo, o pai, entrou no carro da família e seguiu à procura da criança, porém sem sucesso. Por 6 dias ninguém teve qualquer notícia sobre o paradeiro de Araceli, até que dia 24 de maio, enquanto caçava passarinhos num terreno baldio atrás do Hospital Infantil de Vitória (Hospital Jesus Menino), um menino encontrou os restos de uma criança.
A partir daí começava a surgir a história bizarra que envolvia famílias ricas, drogas, estupros e torturas. 
Durante muito tempo, o corpo encontrado no terreno foi deixado intocado na gaveta do Instituto Médico Legal (IML), pois ninguém tinha coragem de investigar o caso que envolvia as famílias mais poderosas do Espírito Santo; dentre elas, estavam os Michelini e os Helal, ambas com ligações no governo (político e jurídico) e conhecidas por usarem drogas e violentar meninas.
Quem se atreveu a dar continuidade ao caso foi eliminado; foram 14 testemunhas mortas. A mãe da menina também foi apontada como suspeita, pois Lola Sanchéz, de nacionalidade boliviana, era a ligação do tráfico de drogas entre a Bolívia e o Brasil, e teria usado a própria filha como "mula" ao pedir à garota que entregasse um pacote a Jorge Michelini, um dos suspeitos de morte da criança. 
Ao chegar onde deveria ser entregue o envelope, a menina foi drogada, estuprada, mutilada e seu corpo recebeu uma dose de ácido para dificultar a identificação. Os três suspeitos do crime, Jorge Michelini, Dante Michelini Júnior e Paulo Helal nunca foram condenados.
O corpo de Araceli só foi enterrado 3 anos depois de seu assassinato e a data 18 de maio, dia em que desapareceu, foi escolhida para celebrar o Dia Nacional de Combate ao Abuso e Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes, visando conscientizar a sociedade e as autoridades sobre a gravidade dos crimes de violência sexual cometidos contra menores.

Texto de Talita Lopes Cavalcante

Administração imagens Históricas.
Sugestão de Patricia Hamilton.
Fontes: 

AMORIM, Ana Paula. "1973 - Araceli, vítima da crueldade". Jornal do Brasil. 18 de maio de 2008.
<http://www.jblog.com.br/hojenahistoria.php?itemid=8524>

- Comite Nacional de Enfrentamento à Violência Sexual contra Crianças e Adolescentes.
<http://www.comitenacional.org.br/o-que-e-18-maio-000.php>

Publicado no Facebook _ Imagens Históricas:





República Velha, por Boris Fausto


Três histórias e um destino


Quartel que, durante a Revolução de 1924, serviu como base operacional do general Cândido Rondon, combatente da coluna socialista de Luiz Carlos Prestes.
Já pela década de 50, cinemas pipocavam em Curitiba, em diversas vias, ao passo que no mesmo período afloram os primeiros shopping centers nos Estados Unidos. No Brasil, a novidade só chegou 16 anos mais tarde, em São Paulo.
Alheios à agitação no estado vizinho, a estação ferroviária, a metalúrgica e os soldados do quartel se destacavam naquela cidade com 360 mil habitantes. E a modernização chegava: uma rodoferroviária estava sendo erguida. A estação, que se tornara um cartão de visitas de Curitiba, estava com os dias contados.
Durante a ditadura militar, a Metalúrgica Mueller viveu seus tempos áureos, com uma linha de 3 mil produtos e mais de 500 funcionários. Volta e meia o despertar da sirene da fábrica sincronizava com o marchar dos soldados no quartel do Exército. Enquanto isso, as locomotivas insistiam em transitar por trilhos quase abandonados.
Em 1972, quando as linhas férreas já atrapalhavam o fluxo dos automóveis, a estação foi desativada. Não tardou para que o sonho do suíço Mueller virasse pesadelo. Em 1979, a metalúrgica teve de sair do Centro por determinação de um plano diretor que proibia fábricas na região.
O “futuro” começava a dar sua cara em Curitiba. Com o espaço vendido, a metalúrgica que movimentava a cidade se transformou no primeiro shopping da capital, em 1983. Enquanto a população conferia a novidade, a estação já se encontrava praticamente abandonada. Apenas um museu, instalado em 1982, tentava manter viva aquela memória. A poucas quadras dali, soldados mantinham a rotina militar e conviviam com rumores de que o quartel seria vendido.
O boato virou realidade. No final da década de 80, o prédio foi vendido pelo Exército e, em 1996, o edifício transformou-se no Shopping Curitiba. Nessa época, a Estação passava por obras de revitalização e, no ano seguinte, seguiu o mesmo caminho da antiga metalúrgica Mueller e do então quartel: virou shopping.
Características arquitetônicas são as mesmas
A transformação dos espaços históricos em centros comerciais obrigou a preservação de algumas características arquitetônicas. Para o historiador Marcelo Sutil, da Casa da Memória de Curitiba, os espaços precisam estar em uso para não sofrerem degradações com o tempo. “Mas deve ser um uso com critérios que preservem suas características. Não se pode matar por completo espaços como esses”, salienta.
A arquiteta Yumi Yamawaki diz que os três prédios possuem relação afetiva com a identidade e a história da cidade. “São símbolos do município e devem ser preservados da melhor maneira possível”, diz. Ela exemplifica ainda que, durante as décadas de 70 a 90, quando o prédio da Estação ficou praticamente inutilizado, toda a área do entorno foi degrada. “Se o espaço está em desuso, toda região é afetada”, diz.
A área que abriga o museu ferroviário do Shopping Estação é tombada pelo Patrimônio Histórico do estado. Já os espaços dos shoppings Mueller e Curitiba são unidade de interesse de preservação (Uips) para o município. Isso permite à prefeitura estabelecer normas de preservação que impedem qualquer alteração na fachada. No caso do shopping Curitiba, um dos pátios internos (Largo Curitiba), que antes abrigava uma praça do quartel, também foi preservado.
“O Shopping Mueller é o mais descaracterizado dos três, apesar de a fachada ser mantida”, constata Yumi. Segundo ela, o Estação é o que mais conserva características originais.
Para a diretora do documentário Curityba – Sinais do Tempo, os shoppings Curitiba e Mueller deveriam criar um espaço dedicado à memória dos prédios. “Todos poderiam abrigar um pequeno museu em referência ao passado”.
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Colunista é condenado por praticar e incitar discriminação contra índios



O Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4) confirmou ontem (14/5) a condenação do colunista do Jornal NH, de Novo Hamburgo (RS), Ivar Paulo Hartmann por praticar, induzir ou incitar a discriminação ou o preconceito aos indígenas. Ele terá que prestar dois anos de serviços comunitários e pagar 24 salários mínimos de multa, que será destinada à Comunidade Indígena Kaingang de São Leopoldo (RS).
Hartmann foi denunciado pelo Ministério Público Federal após publicar, em outubro de 2008, o texto “Raposa do sol e outras raposas”, no qual discriminava e ofendia os índios, com trechos como: “No Brasil de hoje, as tribos remanescentes são compostas por indivíduos semi-civilizados, sujos, ignorantes e vagabundos, vivendo das benesses do poder branco (...)”.
O artigo tratava de reserva indígena Raposa Terra do Sol, situada em Roraima, que ocupa 8% do território do estado. O colunista alegava que os índios seriam manipulados por estrangeiros (as “outras raposas” apontadas no título do texto) e o Brasil acabaria por perder parte de seu território. Segundo ele, os índios seriam fracos e facilmente domináveis pelos brancos, no caso integrantes americanos e europeus de ONGs.
Após ser condenado pela Justiça Federal de Novo Hamburgo, Hartmann recorreu contra a sentença no tribunal. Ele alegou que não teve intenção de macular a honra dos indígenas nem de promover qualquer atitude racista ou preconceituosa. Argumentou ainda que sua intenção teria sido “dar um grito de alerta ao povo brasileiro para os desmandos e desatinos do governo”.
Após examinar o recurso, a relatora do processo, juíza federal Salise Monteiro Sanchotene, convocada para atuar na corte, decidiu manter integralmente a sentença. Segundo ela, “a tutela à liberdade de expressão não deve incentivar a intolerância racial e a violência, que comprometem o princípio da igualdade de todos perante a lei”. Ela frisou que as declarações de Hartmann representam ilícito penal.
“Está comprovado que o réu agiu com dolo, tendo plena consciência de que estava praticando e induzindo o seu leitor a praticar discriminação contra indígenas com o intento de privá-los de direitos na demarcação de terras, defendendo a superioridade inata do ‘branco brasileiro’”, fundamentou a magistrada, citando trecho da sentença condenatória.

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terça-feira, 14 de maio de 2013

Cleópatra - A Rainha do Egito


Maias, Astecas e Incas


Grécia Antiga


Roma


África Antiga


Reforma Protestante


As 95 teses de Lutero

1. Ao dizer: “Fazei penitência”, etc. [Mt 4.17], o nosso Senhor e Mestre Jesus Cristo quis que toda a vida dos fiéis fosse penitência.

2. Esta penitência não pode ser entendida como penitência sacramental (isto é, da confissão e satisfação celebrada pelo ministério dos sacerdotes).

3. No entanto, ela não se refere apenas a uma penitência interior; sim, a penitência interior seria nula se, externamente, não produzisse toda sorte de mortificação da carne.

4. Por consequência, a pena perdura enquanto persiste o ódio de si mesmo (isto é a verdadeira penitência interior), ou seja, até a entrada do reino dos céus.

5. O papa não quer nem pode dispensar de quaisquer penas senão daquelas que impôs por decisão própria ou dos cânones.

6. O papa não tem o poder de perdoar culpa a não ser declarando ou confirmando que ela foi perdoada por Deus; ou, certamente, perdoados os casos que lhe são reservados. Se ele deixasse de observar essas limitações, a culpa permaneceria.

7. Deus não perdoa a culpa de qualquer pessoa sem, ao mesmo tempo, sujeitá-la, em tudo humilhada, ao sacerdote, seu vigário.

8. Os cânones penitenciais são impostos apenas aos vivos; segundo os mesmos cânones, nada deve ser imposto aos moribundos.

9. Por isso, o Espírito Santo nos beneficia através do papa quando este, em seus decretos, sempre exclui a circunstância da morte e da necessidade.

10. Agem mal e sem conhecimento de causa aqueles sacerdotes que reservam aos moribundos penitências canônicas para o purgatório.

11. Essa cizânia de transformar a pena canônica em pena do purgatório parece ter sido semeada enquanto os bispos certamente dormiam.

12. Antigamente se impunham as penas canônicas não depois, mas antes da absolvição, como verificação da verdadeira contrição.

13. Através da morte, os moribundos pagam tudo e já estão mortos para as leis canônicas, tendo, por direito, isenção das mesmas.

14. Saúde ou amor imperfeito no moribundo necessariamente traz consigo grande temor, e tanto mais quanto menor for o amor.

15. Este temor e horror por si sós já bastam (para não falar de outras coisas) para produzir a pena do purgatório, uma vez que estão próximos do horror do desespero.

16. Inferno, purgatório e céu parecem diferir da mesma forma que o desespero, o semidesespero e a segurança.

17. Parece necessário, para as almas no purgatório, que o horror devesse diminuir à medida que o amor crescesse.

18. Parece não ter sido provado, nem por meio de argumentos racionais nem da Escritura, que elas se encontrem fora do estado de mérito ou de crescimento no amor.

19. Também parece não ter sido provado que as almas no purgatório estejam certas de sua bem-aventurança, ao menos não todas, mesmo que nós, de nossa parte, tenhamos plena certeza disso.

20. Portanto, por remissão plena de todas as penas, o papa não entende simplesmente todas, mas somente aquelas que ele mesmo impôs.

21. Erram, portanto, os pregadores de indulgências que afirmam que a pessoa é absolvida de toda pena e salva pelas indulgências do papa.

22. Com efeito, ele não dispensa as almas no purgatório de uma única pena que, segundo os cânones, elas deveriam ter pago nesta vida.

23. Se é que se pode dar algum perdão de todas as penas a alguém, ele, certamente, só é dado aos mais perfeitos, isto é, pouquíssimos.

24. Por isso, a maior parte do povo está sendo necessariamente ludibriada por essa magnífica e indistinta promessa de absolvição da pena.

25. O mesmo poder que o papa tem sobre o purgatório de modo geral, qualquer bispo e cura tem em sua diocese e paróquia em particular.

26. O papa faz muito bem ao dar remissão às almas não pelo poder das chaves (que ele não tem), mas por meio de intercessão.

27. Pregam doutrina mundana os que dizem que, tão logo tilintar a moeda lançada na caixa, a alma sairá voando [do purgatório para o céu].

28. Certo é que, ao tilintar a moeda na caixa, pode aumentar o lucro e a cobiça; a intercessão da Igreja, porém, depende apenas da vontade de Deus.

29. E quem é que sabe se todas as almas no purgatório querem ser resgatadas, como na história contada a respeito de São Severino e São Pascoal?

30. Ninguém tem certeza da veracidade de sua contrição, muito menos de haver conseguido plena remissão.

31. Tão raro como quem é penitente de verdade é quem adquire autenticamente as indulgências, ou seja, é raríssimo.

32. Serão condenados em eternidade, juntamente com seus mestres, aqueles que se julgam seguros de sua salvação através de carta de indulgência.

33. Deve-se ter muita cautela com aqueles que dizem serem as indulgências do papa aquela inestimável dádiva de Deus através da qual a pessoa é reconciliada com Ele.

34. Pois aquelas graças das indulgências se referem somente às penas de satisfação sacramental, determinadas por seres humanos.

35. Os que ensinam que a contrição não é necessária para obter redenção ou indulgência, estão pregando doutrinas incompatíveis com o cristão.

36. Qualquer cristão que está verdadeiramente contrito tem remissão plena tanto da pena como da culpa, que são suas dívidas, mesmo sem uma carta de indulgência.

37. Qualquer cristão verdadeiro, vivo ou morto, participa de todos os benefícios de Cristo e da Igreja, que são dons de Deus, mesmo sem carta de indulgência.

38. Contudo, o perdão distribuído pelo papa não deve ser desprezado, pois – como disse – é uma declaração da remissão divina.

39. Até mesmo para os mais doutos teólogos é dificílimo exaltar simultaneamente perante o povo a liberalidade de indulgências e a verdadeira contrição.

40. A verdadeira contrição procura e ama as penas, ao passo que a abundância das indulgências as afrouxa e faz odiá-las, ou pelo menos dá ocasião para tanto.

41. Deve-se pregar com muita cautela sobre as indulgências apostólicas, para que o povo não as julgue erroneamente como preferíveis às demais boas obras do amor.

42. Deve-se ensinar aos cristãos que não é pensamento do papa que a compra de indulgências possa, de alguma forma, ser comparada com as obras de misericórdia.

43. Deve-se ensinar aos cristãos que, dando ao pobre ou emprestando ao necessitado, procedem melhor do que se comprassem indulgências.

44. Ocorre que através da obra de amor cresce o amor e a pessoa se torna melhor, ao passo que com as indulgências ela não se torna melhor, mas apenas mais livre da pena.

45. Deve-se ensinar aos cristãos que quem vê um carente e o negligencia para gastar com indulgências obtém para si não as indulgências do papa, mas a ira de Deus.

46. Deve-se ensinar aos cristãos que, se não tiverem bens em abundância, devem conservar o que é necessário para sua casa e de forma alguma desperdiçar dinheiro com indulgência.

47. Deve-se ensinar aos cristãos que a compra de indulgências é livre e não constitui obrigação.

48. Deve ensinar-se aos cristãos que, ao conceder perdões, o papa tem mais desejo (assim como tem mais necessidade) de oração devota em seu favor do que do dinheiro que se está pronto a pagar.

49. Deve-se ensinar aos cristãos que as indulgências do papa são úteis se não depositam sua confiança nelas, porém, extremamente prejudiciais se perdem o temor de Deus por causa delas.

50. Deve-se ensinar aos cristãos que, se o papa soubesse das exações dos pregadores de indulgências, preferiria reduzir a cinzas a Basílica de S. Pedro a edificá-la com a pele, a carne e os ossos de suas ovelhas.

51. Deve-se ensinar aos cristãos que o papa estaria disposto – como é seu dever – a dar do seu dinheiro àqueles muitos de quem alguns pregadores de indulgências extorquem ardilosamente o dinheiro, mesmo que para isto fosse necessário vender a Basílica de S. Pedro.

52. Vã é a confiança na salvação por meio de cartas de indulgências, mesmo que o comissário ou até mesmo o próprio papa desse sua alma como garantia pelas mesmas.

53. São inimigos de Cristo e do Papa aqueles que, por causa da pregação de indulgências, fazem calar por inteiro a palavra de Deus nas demais igrejas.

54. Ofende-se a palavra de Deus quando, em um mesmo sermão, se dedica tanto ou mais tempo às indulgências do que a ela.

55. A atitude do Papa necessariamente é: se as indulgências (que são o menos importante) são celebradas com um toque de sino, uma procissão e uma cerimônia, o Evangelho (que é o mais importante) deve ser anunciado com uma centena de sinos, procissões e cerimônias.

56. Os tesouros da Igreja, a partir dos quais o papa concede as indulgências, não são suficientemente mencionados nem conhecidos entre o povo de Cristo.

57. É evidente que eles, certamente, não são de natureza temporal, visto que muitos pregadores não os distribuem tão facilmente, mas apenas os ajuntam.

58. Eles tampouco são os méritos de Cristo e dos santos, pois estes sempre operam, sem o papa, a graça do ser humano interior e a cruz, a morte e o inferno do ser humano exterior.

59. S. Lourenço disse que os pobres da Igreja são os tesouros da mesma, empregando, no entanto, a palavra como era usada em sua época.

60. É sem temeridade que dizemos que as chaves da Igreja, que foram proporcionadas pelo mérito de Cristo, constituem estes tesouros.

61. Pois está claro que, para a remissão das penas e dos casos especiais, o poder do papa por si só é suficiente.

62. O verdadeiro tesouro da Igreja é o santíssimo Evangelho da glória e da graça de Deus.

63. Mas este tesouro é certamente o mais odiado, pois faz com que os primeiros sejam os últimos.

64. Em contrapartida, o tesouro das indulgências é certamente o mais benquisto, pois faz dos últimos os primeiros.

65. Portanto, os tesouros do Evangelho são as redes com que outrora se pescavam homens possuidores de riquezas.

66. Os tesouros das indulgências, por sua vez, são as redes com que hoje se pesca a riqueza dos homens.

67. As indulgências apregoadas pelos seus vendedores como as maiores graças realmente podem ser entendidas como tais, na medida em que dão boa renda.

68. Entretanto, na verdade, elas são as graças mais ínfimas em comparação com a graça de Deus e a piedade da cruz.

69. Os bispos e curas têm a obrigação de admitir com toda a reverência os comissários de indulgências apostólicas.

70. Têm, porém, a obrigação ainda maior de observar com os dois olhos e atentar com ambos os ouvidos para que esses comissários não preguem os seus próprios sonhos em lugar do que lhes foi incumbidos pelo papa.

71. Seja excomungado e amaldiçoado quem falar contra a verdade das indulgências apostólicas.

72. Seja bendito, porém, quem ficar alerta contra a devassidão e licenciosidade das palavras de um pregador de indulgências.

73. Assim como o papa, com razão, fulmina aqueles que, de qualquer forma, procuram defraudar o comércio de indulgências,

74. muito mais deseja fulminar aqueles que, a pretexto das indulgências, procuram fraudar a santa caridade e verdade.

75. A opinião de que as indulgências papais são tão eficazes a ponto de poderem absolver um homem mesmo que tivesse violentado a mãe de Deus, caso isso fosse possível, é loucura.

76. Afirmamos, pelo contrário, que as indulgências papais não podem anular sequer o menor dos pecados venais no que se refere à sua culpa.

77. A afirmação de que nem mesmo São Pedro, caso fosse o papa atualmente, poderia conceder maiores graças é blasfêmia contra São Pedro e o Papa.

78. Dizemos contra isto que qualquer papa, mesmo São Pedro, tem maiores graças que essas, a saber, o Evangelho, as virtudes, as graças da administração (ou da cura), etc., como está escrito em I Coríntios XII.

79. É blasfêmia dizer que a cruz com as armas do papa, insigneamente erguida, eqüivale à cruz de Cristo.

80. Terão que prestar contas os bispos, curas e teólogos que permitem que semelhantes sermões sejam difundidos entre o povo.

81. Essa licenciosa pregação de indulgências faz com que não seja fácil nem para os homens doutos defender a dignidade do papa contra calúnias ou questões, sem dúvida argutas, dos leigos.

82. Por exemplo: Por que o papa não esvazia o purgatório por causa do santíssimo amor e da extrema necessidade das almas – o que seria a mais justa de todas as causas, se redime um número infinito de almas por causa do funestíssimo dinheiro para a construção da basílica – que é uma causa tão insignificante?

83. Do mesmo modo: Por que se mantêm as exéquias e os aniversários dos falecidos e por que ele não restitui ou permite que se recebam de volta as doações efetuadas em favor deles, visto que já não é justo orar pelos redimidos?

84. Do mesmo modo: Que nova piedade de Deus e do papa é essa que, por causa do dinheiro, permite ao ímpio e inimigo redimir uma alma piedosa e amiga de Deus, mas não a redime por causa da necessidade da mesma alma piedosa e dileta por amor gratuito?

85. Do mesmo modo: Por que os cânones penitenciais – de fato e por desuso já há muito revogados e mortos – ainda assim são redimidos com dinheiro, pela concessão de indulgências, como se ainda estivessem em pleno vigor?

86. Do mesmo modo: Por que o papa, cuja fortuna hoje é maior do que a dos ricos mais crassos, não constrói com seu próprio dinheiro ao menos esta uma basílica de São Pedro, ao invés de fazê-lo com o dinheiro dos pobres fiéis?

87. Do mesmo modo: O que é que o papa perdoa e concede àqueles que, pela contrição perfeita, têm direito à plena remissão e participação?

88. Do mesmo modo: Que benefício maior se poderia proporcionar à Igreja do que se o papa, assim como agora o faz uma vez, da mesma forma concedesse essas remissões e participações cem vezes ao dia a qualquer dos fiéis?

89. Já que, com as indulgências, o papa procura mais a salvação das almas do que o dinheiro, por que suspende as cartas e indulgências, outrora já concedidas, se são igualmente eficazes?

90. Reprimir esses argumentos muito perspicazes dos leigos somente pela força, sem refutá-los apresentando razões, significa expor a Igreja e o papa à zombaria dos inimigos e fazer os cristãos infelizes.

91. Se, portanto, as indulgências fossem pregadas em conformidade com o espírito e a opinião do papa, todas essas objeções poderiam ser facilmente respondidas e nem mesmo teriam surgido.

92. Portanto, fora com todos esses profetas que dizem ao povo de Cristo “Paz, paz!” sem que haja paz!

93. Que prosperem todos os profetas que dizem ao povo de Cristo “Cruz! Cruz!” sem que haja cruz!

94. Devem-se exortar os cristãos a que se esforcem por seguir a Cristo, seu cabeça, através das penas, da morte e do inferno.

95. E que confiem entrar no céu antes passando por muitas tribulações do que por meio da confiança da paz.

quarta-feira, 8 de maio de 2013

Germinal


A Grande Muralha da China

Muito antes dos tanques e mísseis de longo alcance serem usados para combate, os militares dependiam de mecanismos menos avançados tecnologicamente para se protegerem dos invasores. A Grande Muralha da China foi projetada para executar o mais básico princípio defensivo de guerra: deixar os amigos para dentro e os inimigos para fora. 

Embora a muralha da China não tenha sido a primeira a servir a esse propósito Dinamarca, Coréia e o Império Romano construíram muralhas antes, a Grande Muralha é indiscutivelmente uma das mais famosas e impressionantes estruturas feitas pelo homem. 

O nome Grande Muralha da China é um termo amplamente usado pelos ocidentais para se referirem a estrutura. Pelos chineses ela é tradicionalmente conhecida como "Wan Li Chang Cheng", que pode ser traduzido como "A Muralha com Dez Mil Li de Comprimento" ou "A Grande Muralha de Dez Mil Li" (li é uma unidade de comprimento chinesa, equivalente a meio quilômetro). 

Disponível em: http://pessoas.hsw.uol.com.br/historia-muralha-da-china.htm





Confira National Geographic, A Grande Muralha:


segunda-feira, 6 de maio de 2013

O Manifesto Comunista de Karl Marx e Engels versão cartoon




Intertexto

Intertexto 

Bertold Brecht (1898-1956) 

Primeiro levaram os negros
Mas não me importei com isso
Eu não era negro 

Em seguida levaram alguns operários
Mas não me importei com isso
Eu também não era operário

Depois prenderam os miseráveis
Mas não me importei com isso
Porque eu não sou miserável

Depois agarraram uns desempregados
Mas como tenho meu emprego
Também não me importei

Agora estão me levando
Mas já é tarde.
Como eu não me importei com ninguém
Ninguém se importa comigo.

Diálogo patrão e empregado


Disponível em:
http://maisvalia301.blogspot.com.br/2011/05/charges_02.html

sábado, 4 de maio de 2013

Cora Carolina

"Não sei se a vida é curta ou longa para nós, mas sei que nada do que vivemos tem sentido, se não tocarmos o coração das pessoas.
Muitas vezes basta ser: colo que acolhe, braço que envolve, palavra que conforta, silêncio que respeita, alegria que contagia, lágrima que corre, olhar que acaricia, desejo que sacia, amor que promove.
E isso não é coisa de outro mundo, é o que dá sentido à vida. É o que faz com que ela não seja nem curta, nem longa demais, mas que seja intensa, verdadeira, pura enquanto durar. Feliz aquele que transfere o que sabe e aprende o que ensina". 

Cora Carolina 

Casa de Cora Carolina

O discurso poético de Cora Coralina perpassa uma história de vida que está preservada no Museu Casa de Cora Coralina – sua casa secular de família, às margens do Rio Vermelho, na cidade de Goiás. A Casa Velha da Ponte mantém acessível sua memória, pois os interiores dessa casa ancestral vêm recebendo pessoas que entram e saem, buscando conhecer Cora Coralina. 

A Associação Casa de Cora Coralina, é uma entidade de direito privado, sem fins lucrativos, com o objetivo imediato de lutar pela preservação da vida e da obra de Cora Coralina. O museu foi inaugurado em 1989 e nos estatutos aprovados constam como finalidades: “projetar, executar, colaborar e incentivar atividades culturais, artísticas, educacionais e filantrópicas visando, sobretudo, à valorização da identidade sociocultural do povo goiano, bem como preservar a memória e divulgar a obra de Cora Coralina”. 

Entre e conheça:

http://www.eravirtual.org/cora_br/

quarta-feira, 1 de maio de 2013

Maio, nosso Primeiro de Maio


Maio, Nosso Maio - Primeiro de Maio Anarquista. História dos primeiros movimentos de protestos/manifestos precursores do 1º de Maio. 

Feita com Software Livre e em um processo coletivo, a animação "Maio Nosso Maio" apresenta de forma leve e compromissada uma leitura histórica que resgata o sentido original do Dia dos Trabalhadores.

Créditos: estúdio|gunga
http://vimeo.com/23105830