O circo é tão antigo que não se sabe, exatamente, quando e como
começou. Acredita-se que as práticas circenses tenham se iniciado na China há
cerca de 5 mil anos atrás, pois foram encontradas pinturas rupestres que
mostram figuras de acrobatas, contorcionistas e equilibristas nessa região.
Para os chineses a acrobacia, o contorcionismo e o equilibrismo serviam para
treinar os guerreiros e desenvolver a sua agilidade, flexibilidade e força.
Dos chineses aos gregos, dos egípcios aos indianos, quase todas as
civilizações antigas já praticavam algum tipo de arte circense há pelo menos 4
000 anos - mas o circo como o conhecemos hoje só começou a tomar forma durante
o Império Romano.
O primeiro a se tornar famoso foi o Circus Maximus, que
teria sido inaugurado no século VI a.C., com capacidade para 150 000 pessoas. A
atração principal eram as corridas de carruagens, mas, com o tempo, foram
acrescentadas as lutas de gladiadores, as apresentações de animais selvagens e
de pessoas com habilidades incomuns, como engolidores de fogo. Destruído por um
grande incêndio, esse anfiteatro foi substituído, em 40
a.C., pelo Coliseu, cujas ruínas até hoje compõem o cartão postal número um de
Roma.
O malabarismo também é bastante antigo. Em uma tumba de um
príncipe egípcio (construída entre 1994 e 1781
a.C.) existem pinturas e hieróglifos que mostram um grupo de mulheres fazendo
malabarismos com bolas. Acredita-se que esta é a reprodução de malabarismo mais
antiga já encontrada. As artes de Tebas, Grécia, Roma, Índia e Europa mostram
malabaristas fazendo truques complexos.
Anotações sobre malabaristas vêm desde 400
a.C. Uma antiga menção no Talmud descreve Rabbi Shimon ben Gamaliel, que podia
fazer malabarismo com oito tochas de uma vez. Malabaristas também podem ser
encontrados na antiga literatura irlandesa e norueguesa.
No Egito também surgiu a profissão de domador, a fim de atender
aos faraós, que gostavam de exibir animais ferozes em seus desfiles
militares. De fato, o circo demorou muito tempo até chegar à forma
sistematizada por nós hoje conhecida. Somente no século XVIII é que o picadeiro
e as mais conhecidas atrações circenses foram se consolidando. Na China, vários
contorcionistas e equilibristas apresentavam-se para as autoridades monárquicas
chinesas.
Em Roma, o chamado “Circo Máximo” era o local
onde as massas plebéias reuniam-se para assistir às atrações organizadas pelas
autoridades imperiais. A idéia inicial de circo (e até mesmo seu nome)
surgiu na antiga Roma. “Circus” (que significa “lugar em que competições
acontecem”) era uma área dividida em pista, arquibancada e cavalarias onde
ocorriam corridas de cavalos, combate de gladiadores, duelos entre homens e animais
e duelos somente entre animais.
Com
o fim do império dos Césares e o início da era medieval, artistas populares
passaram a improvisar suas apresentações em praças públicas, feiras e entradas
de igrejas. "Nasciam assim as famílias de saltimbancos, que viajavam de
cidade em cidade para apresentar seus números cômicos, de pirofagia,
malabarismo, dança e teatro", afirma Luiz Rodrigues Monteiro, professor de
Artes Cênicas e Técnicas Circenses da Universidade Estadual de Campinas
(Unicamp).
Tudo isso, porém, não passa de uma pré-história das artes
circenses, porque foi só na Inglaterra do século XVIII que surgiu o circo
moderno, com seu picadeiro circular e a reunião das atrações que compõem o
espetáculo ainda hoje.
Na Idade Média, vários artistas saltimbancos vagueavam pelas
cidades demonstrando suas habilidades ao ar livre em troca de algumas
contribuições. O primeiro a sistematizar a idéia do circo como um show de
variedades assistido por um público pagante foi o inglês Philip Astley.
Em 1768, ele criou um espaço onde, acompanhado por um tocador de
tambor, apresentava um número de acrobacia com cavalos. Nesse período, o
crescimento das populações urbanas garantiu um bom número de espectadores ao
seu espetáculo.
Por volta de 1770, um oficial da cavalaria britânica chamado
Philip Astley começou a circular pelo interior da Inglaterra fazendo
demonstração com seu cavalo. Ele descobriu que, se ficasse de pé sobre seu
cavalo enquanto o animal galopava em círculos, a força centrífuga o ajudaria a
manter o equilíbrio. Foi assim que ele inaugurou o primeiro circo moderno: o
Astley´s Amphitheatre, um suntuoso espaço fixo que reunia um picadeiro coberto
com uma arquibancada próxima.
Em princípio, Astley havia organizado somente um espetáculo
militar eqüestre, mas logo percebeu que precisava de outros tipos de atrações
para segurar o público. Por essa razão, acrescentrou ao espetáculo números com
saltimbancos, equilibristas, saltadores, malabaristas e palhaços.
No século XIX, o primeiro circo atravessou o oceano Atlântico e
chegou aos Estados Unidos. O equilibrista britânico Thomas Taplin Cooke chegava
com seu conjunto de artistas na cidade de Nova Iorque. Com o passar dos anos,
sua companhia transformou-se em uma grande família circense que, ao longo de
gerações, disseminou o circo pelos Estados Unidos.
No Brasil, a história do circo está muito ligada à trajetória dos
ciganos no país, e se iniciou por volta do século XVIII quando fugiam da
perseguição a que eram submetidos, na Europa. Os ciganos, cuja ligação com as
artes circenses é muito grande, viajavam de cidade em cidade com suas tendas e
aproveitavam as festas religiosas para exibirem sua destreza com cavalos, seus
truques de ilusionismo e outras exibições artísticas. Procuravam adaptar suas
apresentações ao gosto do público de cada localidade e o que não agradava era
imediatamente tirado do programa.
Dessa forma, o circo brasileiro vai formatando uma personalidade
própria. As suas características itinerantes desenvolveram no final do século
XIX. Geralmente os grupos desembarcavam em um porto importante, faziam seu
espetáculo e partiam para outras cidades, descendo pelo litoral até o Rio da
Prata, indo para Buenos Aires. Visavam principalmente às classes populares. O
protagonista dos espetáculos era o palhaço, sendo que o seu sucesso
correspondia ao sucesso do circo.
As melhores atrações dos circos brasileiros, no
final do século XIX e no início do século XX, eram os palhaços cantores. Foram
eles, usando seus picadeiros itinerantes, os pioneiros na divulgação da música
popular.
Infelizmente são raras as "mulheres"
Palhaças. A mais popular, a primeira que se tem notícia, apareceu no começo do
século e foi a Miss Loulou.
A grande estrutura envolvendo o espetáculo circense, trouxe o
desenvolvimento de novas tecnologias ao mundo do circo. As constantes mudanças
de cidade em cidade incentivaram a criação de técnicas logísticas que
facilitavam o deslocamento dos espetáculos. Tais técnicas, devido sua grande
eficácia, chegaram a despertar o interesse dos altos escalões militares que se
preparavam para os conflitos da Primeira Guerra Mundial.
Artes circenses têm diferentes raízes históricas
HOMEM ELÁSTICO
O
contorcionismo já era uma modalidade olímpica na Grécia Antiga há mais de 2 500
anos. Há registros mais antigos, porém, de cerca de 5 500 anos, indicando que,
talvez, a prática já fosse usada na China para o treinamento de guerreiros
MÃOS MÁGICAS
O
malabarismo, segundo os historiadores, teria sido praticado inicialmente em
rituais religiosos da antigüidade. Os chineses equilibravam pratos girando-os,
enquanto gregos e egípcios utilizavam bolas, depois substituídas por tochas
acesas
SOSSEGA, LEÃO!
Os
primeiros domadores foram guerreiros egípcios, que capturavam animais selvagens
nas terras conquistadas, aprendiam a lidar com eles e os traziam à terra natal
para apresentá-los em desfiles
POR UM FIO
O
primeiro relato de equilibrismo na corda bamba data de 108
a.C., na China, quando uma grande festa palaciana, em homenagem a visitantes
estrangeiros, apresentou vários números de acrobacia. O impacto foi tamanho que
o imperador decidiu realizar espetáculos do gênero todo ano
BOCA QUENTE
Os
engolidores de fogo apareceram pela primeira vez no Império Romano, nos
espetáculos do Circus Maximus, há mais de 2 000 anos. Esses pirófagos
costumavam ser nórdicos louros e altos, o que acentuava o exotismo
PALHAÇO A CAVALO
Na
origem do circo moderno, na Inglaterra do século XVIII, o palhaço e o
equilibrismo com piruetas sobre um cavalo eram um só número. O sucesso foi tão
grande que os clowns ganharam cada vez mais espaço no picadeiro.
Referências: