Na Rússia, em 1917, milhares de mulheres foram às ruas contra a fome e a guerra; a greve delas foi o pontapé inicial para a revolução russa e também deu origem ao Dia Internacional da Mulher
Foto: Getty Images / BBC News Brasil
A origem do 8 de Março remonta a nossa
memória como uma celebração a dezenas de mulheres mortas num incêndio criminoso
num fábrica em 1908. A história que nos é contada na escola e na mídia, ao
contrário do que se pensa, é um mito. Estudos comprovam que o incêndio que
aconteceu em 25 de Março de 1910 na fábrica Triangle Shirtwaist Company não tem relação direta com a
comemoração internacional. O resgate histórico feito a partir de pesquisas
relaciona a origem da data a manifestações organizadas pelas mulheres do
Partido Social Democrata Alemão e o Partido Operário Social-Democrata Russo
ainda no início do século XX.
Essa parte da história, que parece ter sido esquecida,
remonta a uma época em que as mulheres tinham jornadas de 12 a 14 horas
diárias, trabalhavam até o fim da gravidez e por vezes pariam seus filhos
dentro das fábricas e pouco dias depois estavam novamente inseridas nas
extensas jornadas de trabalho, algumas até mesmo em serviços insalubres, não
tinham direito a nenhum tipo de participação na política e por vezes o
casamento era a única saída para saírem da miséria, ou então seriam jogadas
para o serviço doméstico ou a prostituição.
As manifestações foram organizadas em 8 de Março de 1914
na Alemanha, Suécia e Rússia. A reivindicação das mulheres trabalhadoras não
objetivava apenas o sufrágio universal, que era também uma pauta das mulheres
burguesas e que já detinham poder. Além disso, as mulheres socialistas pautaram
a jornada de trabalho de oito horas, licença-maternidade e a proibição de
trabalho feminino em áreas insalubres.
Foi a partir do exemplo de resistência das mulheres
socialistas na Europa que surge o Dia Internacional da Mulher. Há mais de 100
anos atrás, as mulheres russas experimentaram durante anos pautas que ainda não
foram conquistadas em diversos países do mundo, como o direito ao divórcio, a
implantação de creches e lavanderias públicas para diminuir a carga de trabalho
doméstico e a dupla jornada de trabalho, a legalização do aborto, a
participação política com o direito ao voto e também a candidaturas e outras
medidas que, um século depois, continuam sendo vistas como avançadas.
No Brasil, mulheres como Dandara, Margarida Alves,
Helenira Resende e várias outras mulheres deram seu exemplo de luta contra o
racismo e a escravidão, o latifúndio, a violência e a ditadura militar e até
hoje estão no imaginário das mulheres como exemplos de luta e coragem.
[...]
Disponível em Brasil de Fato:
Nenhum comentário:
Postar um comentário