A análise de uma explosão de raios gama
--fenômeno do tipo mais energético que se conhece no Universo-- confirmou
indício de que esse evento pode ser provocado pela colisão de dois núcleos de
estrelas mortas. A descoberta, feita a partir de imagens do Telescópio Espacial
Hubble, dá apoio a uma teoria sobre com surgem os elementos naturais mais
pesados da tabela periódica.
Os astrônomos dizem ter observado no mês
passado a fusão de duas estrelas de nêutrons --essencialmente, astros que
pararam de brilhar após esgotarem seu combustível de fusão nuclear. Estrelas
como o Sol, quando explodem em eventos chamados supernovas, produzem apenas
elementos com peso até a região do ferro (com número atômico 26). Cientistas
ainda debatiam como elementos tais quais o ouro (número atômico 79) surgiriam
no Universo.
Ao analisar a explosão de raios gama
catalogada com a sigla GRB 130603B, Edo Berger e dois de seus colegas do Centro
Harvard-Smithsonian de Astrofísica, de Boston, viram algo atípico. Nos momentos
que se seguiram à explosão, ocorrida 3,9 bilhões de anos-luz de distância da
Terra, a região onde o evento ocorreu passou a emitir um tipo de luz
infravermelha associada ao decaimento de átomos radiativos. O espectro daquela
luminosidade era o de núcleos dos elementos pesados emitindo nêutrons e
revelando sua presença.
"Estimamos que a quantidade de ouro
produzida e espalhada pelo encontro das estrelas seja dez vezes maior que a
massa da Lua", disse Berger em comunicado à imprensa.
A descoberta foi feita graças à precisão
do Hubble, que foi apontado para a região da explosão nove dias após o evento.
A emissão de raios gama, em si, durou apenas 0,2 segundo, e não pode ser
detectada por telescópios ópticos --havia sido captada por satélites de
pesquisa. Com a observação do Hubble, porém, ficou claro para os cientistas que
devia se tratar de um evento como a colisão de estrelas de nêutrons, pois o
padrão de emissão de luz visível e infravermelha estava de acordo com
simulações feitas em computador.
O estudo de Berger e seus colegas foi
submetido à revista "The Astrophysical Journal Letters", onde ainda
será revisado por cientistas independentes. O trabalho foi tornado público após
ter sido depositado no acervo online arXiv (http://arxiv.org ).
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