O presidente do
Paraguai, Fernando Lugo, acaba de sofrer um impeachment. Eram necessários
16 votos dos senadores para que ele se mantivesse no cargo. Ao final,
foram 39 votos (de 45, sendo 4 contra e duas ausências) a favor pelo
impeachment de Lugo.
Em meia hora, o vice,
do Partido Liberal, Federico Franco será empossado. População pede dissolução
do Parlamento paraguaio. Na primeira fala de Lugo após ter sido destituído, o
agora ex-presidente disse que se submeterá à decisão do Congresso.
A Unasul, União de
Nações Sul-Americanas, acaba de convocar uma reunião extraordinária. Ministros
de Relações Exteriores de vários países se encontram em Assunção.
A decisão causou
revolta do lado de fora do Parlamento, onde simpatizantes do presidente
protestam contra a deposição e entram em confronto com a polícia. Porta-vozes
de Lugo anunciaram que o presidente não apoiará nenhuma resistência armada,
embora tenha classificado o julgamento político como um golpe parlamentar.
Com a derrubada de
Lugo, que ainda não se pronunciou sobre a decisão, deve assumir o poder o
vice-presidente Federico Franco, membro do PLRA (Partido Liberal Radical
Autêntico), que até ontem integrava a base de apoio do governo.
A ruptura da aliança
pelo Partido Liberal foi definitiva para a crise política no Paraguai, já que a
oposição liderada pelo conservador Partido Colorado não tinha votos suficientes
para levar o processo de impeachment adiante.
Lugo foi acusado pelos
deputados e senadores de “mau desempenho de suas funções”, especialmente em relação
a um confronto entre sem-terras e policiais no nordeste do país que terminou
com 17 pessoas mortas, no último dia 15 de junho. O presidente é acusado pela
direita de beneficiar grupos de camponeses em ações de ocupação de terra.
O tema do conflito agrário
é um dos mais sensíveis no Paraguai, que tem uma brutal concentração de terras:
80% de terras férteis estão nas mãos de 2% da população, concentrando-se no
agronegócio de alta produtividade, que gerou um crescimento econômico de 14,5%
em 2010, mas ao custo de uma taxa de 39% da população vivendo abaixo dos níveis
de pobreza e 19% em situação de pobreza extrema.
Defesa
Os advogados do
presidente do Paraguai, Fernando Lugo, contestaram o processo de impeachment
aberto contra ele no Parlamento do país. Na sessão no Senado paraguaio, que foi
convertido em tribunal, a defesa de Lugo acusou os parlamentares de terem
organizado um processo com uma sentença “pré-escrita”. “O que está acontecendo
aqui não é um julgamento, é uma condenação. É a execução de uma sentença”,
disse o advogado Emílio Camacho.
Segundo o
procurador-geral da República, Enrique García, o presidente paraguaio só
recebeu as acusações de “má gestão do governo” às 18h10 locais (19h10 de
Brasília) desta quinta-feira, o que em sua opinião "vicia
constitucionalmente o julgamento político".
Em comunicado oficial,
a Unasul (União das Nações Sul-americanas), que enviou uma missão de
chanceleres ao país, classificaram o impeachment de Fernando Lugo como uma
“quebra da ordem democrática” no Paraguai.
Disponível em:
Nenhum comentário:
Postar um comentário