terça-feira, 6 de março de 2012

Mulher & Cinema

FILME DA SEMANA: TERRA FRIA

Veja:


“Terra Fria” se passa no estado de Minnesota, na década de 1980, nos Estados Unidos, fronteira com o Canadá. Josey, a personagem principal, foge do marido, pois era vítima de violência doméstica.

Volta para sua cidade natal, local onde a principal atividade econômica é a mineração. Aceita um emprego na mineradora da cidade, contra a vontade de seu pai, empregado da empresa há décadas e um dos muitos funcionários que não aceitam mulheres em seu trabalho.

 Josey e suas colegas são tratadas como inimigas pelos outros funcionários. Mesmo Glory, sua amiga de Josey, não consegue resolver as brigas internas como representante das mulheres no sindicato.

Ela Sofre todo tipo de abusos, inclusive de um ex-namorado que agora é seu chefe. Não aceita a indiferença da companhia e resolve procurar a justiça americana em busca de melhores condições para ela e as colegas. Luta sozinha, as companheiras têm medo de represálias e de ficarem sem emprego.

É nesse ambiente que Josey Aimes se rebela e resolve denunciar a fábrica, o que ocasionou numa luta de 4 anos e resultou no primeiro processo de assédio sexual dos EUA,  em 1989. O filme é baseado em fatos reais.

Título Original: North Country
Gênero: Drama
Duração: 126 min.
Ano: EUA - 2005
Distribuidora: Warner Bros.
Direção: Niki Caro
Roteiro: Michael Seitzman
Censura: 16 anos


“ O que se pode fazer quando os poderosos atacam os oprimidos?
Bom pra começar você se levanta e fala a verdade.
Você defende seus amigos.
Você se levanta. Mesmo estando sozinho.
Você defende “.

(Bill Whitte, advogado de Josey Aimes, durante o julgamento)


Após assistir o filme, responda as questões:

1.     Qual é o tema central do filme “Terra Fria”?

2.     Explique: “Josey Aimes se rebela e resolve denunciar a fábrica, o que ocasionou numa luta de 4 anos e resultou no 1° processo de assédio sexual dos EUA, isso em 1989”.

3.     Comente a cena do filme que  mais lhe chamou atenção. Justifique.


segunda-feira, 5 de março de 2012

Opressão da mulher





Qual é sua opinião sobre esta charge?


Imagem disponível em:
Gianotti, Vito. O dia da Mulher nasceu das mulheres socialistas – as origens do 8 de março. Núcleo Piratininga de Comunicação – NPC. Rio de Janeiro. 2004


Villa-Lobos

Hoje, 05 de março, é a data de nascimento de um dos maiores maestros   e compositores do Brasil. Heitor Villa-Lobos se tornou conhecido como um revolucionário que rompeu com a música acadêmica no Brasil.

Nasceu no Rio de Janeiro, na Rua Ipiranga, bairro de Laranjeiras, filho de Noêmia e Raul Villa-Lobos. Se estivesse vivo completaria nesta data 125 anos.

Seus biógrafos afirmam que ele estudou no Instituto Nacional de Música, mas o próprio Villa-Lobos disse que detestava tal escola. Autodidata, viajou pelo interior do Brasil, pesquisou o folclore e entrou em contato com uma música diferente da que estava acostumado a ouvir: modas caipiras, tocadores de viola e outros tipos que mais tarde viriam a universalizar-se através de suas obras.

Subsidiado pelo Congresso Brasileiro, em 1923, faz sua primeira viagem à Europa, desacompanhado (sem Lucília Villa-Lobos), a bordo do navio Groix. Foi à Paris. Permaneceu até 1924, com a ajuda de um grupo de amigos: Carlos Guinle, Arnaldo Guinle, Laurinda Santos Lobo, Graça Aranha, Olívia Guedes Penteado, Paulo Prado, Conselheiro Antônio Prado e Geraldo Rocha. Nesse mesmo ano, a soprano Vera Janacópulos e a violonista Yvonne Astruc apresentaram, em concerto, algumas de suas criações.

Escreveu o "Noneto" - subtitulado "Impressão Rápida de Todo o Brasil" - e o dedicou a Olívia Guedes Penteado, também, em 1923. Viajou com a Caravana de Arte Brasileira, com a finalidade de levar música a 54 cidades do interior paulista, em 1924.  Os pianistas Lucília Villa-Lobos, Guiomar Novaes, Antonieta Rudge Müller e João de Souza Lima; o violinista belga Maurice Raskin; e as cantoras Nair Duarte Nunes e Annita Gonçalves também fizeram parte desta caravana.

Em 1932 organizou o "Guia Prático - 1º Volume", contendo 137 canções folclóricas por ele arranjadas, destinadas à iniciação musical nas escolas.

Villa-Lobos apresentou seu plano educacional, em 1936, em Praga e depois em Berlim, Paris e Barcelona.

Em 1942, quando o maestro Leopold Stokowski e a The American Youth Orchestra foram designados pelo presidente Roosevelt para visitar o Brasil O maestro Stokowski realizou concertos no Rio de Janeiro e solicitou a Villa-Lobos que selecionasse os melhores músicos e sambistas, a fim de gravar a Coleção Brazilian Native Music. Villa-Lobos reuniu Pixinguinha, Donga, João da Baiana, Cartola e outros, que sob sua batuta realizaram apresentações e gravaram a coletânea de discos, pela Columbia Records.

Residiu nos EUA entre 1957 e 1959. Retornou ao Brasil para as comemorações do aniversário do Teatro Municipal do Rio de Janeiro. Com a saúde abalada, foi internado para tratamento e veio a falecer em novembro de 1959.


                  
                                          








 
Para saber mais:






sábado, 3 de março de 2012

As mulheres nas representações e no imaginário da Guerra do Contestado *



            A Guerra do Contestado pode ser interpretada do ponto de vista da literatura e da história. Ambas, história e ficção são discursos que constituem sistemas de significação, dão sentido ao passado, transformando-os em fatos históricos presentes.

            Da ficção à realidade, é possível olhar para as mulheres do século XIX sob uma nova ótica, que em parte contrapõe o discurso da história oficial.

            A história oficial traz os homens como os “heróis” e as mulheres, quando citadas, são divindades, virgens, figuras submissas, pacíficas e até como estorvos nos momentos de combates. O papel da mulher na narrativa de Schüller, (2004) no “Império Caboclo” revela a identidade das mulheres de origem cabocla: índias, negras e pobres.

            Ultrapassando e, ao mesmo tempo contestando a forma que os homens retrataram as mulheres no Contestado, apenas como “santas” virgens ou então como “prostitutas”, elas foram bem mais além. Elas questionaram o espaço do poder, lutaram por seus direitos, à liberdade, foram à guerra.

            De virgens e guerreiras, as mulheres do Contestado se destacavam por sua determinação: Constantina, Maria Rosa, Etelvina, Francisca Roberta, conhecida como “Chica Pelega”, Sebastiana, Querubina-vidente Teodora, a “dondoca” Christabel. Tinha também a figura enigmática da velha prostitura “Beija-Flor” que junto a seu batalhão de mulheres guerreiras eram a “perdição” dos homens mas também “lutavam como homens”. Essas e outras mulheres foram protagonistas e exercem diferentes papéis sociais. De um lado, elas representaram a pureza e a renovação e de outro, o mundo obscuro da violência, da opressão e da submissão ao universo masculino.

            A figura de Maria Rosa, a virgem, mulher-mãe, respeitada e temida por todos, reconhecida como a “Joana D’arc” do sertão. Seu nascimento ocorreu num quarto solitário, apenas com a presença de uma parteira das redondezas. Já na adolescência começou a quebrar paradigmas e desmistificar conceitos machistas e patriarcais, conduzindo um grande exército de homens e mulheres nas terras contestadas entre Paraná e Santa Catarina.

            Maria Rosa seria uma adolescente na casa dos quinze anos, loura cabelos crespos, alegre e de extrema vivacidade. Falava com desembaraço e andava andava amiúde com um vestido branco enfeitado com fitas azuis e verdes e penas de pássaros. O povo dos redutos a considerava uma santa e acreditava que ela tudo sabia, cumprindo todas as ordens que ela emitia. Desde o início de sua vida pública exercia uma liderança nata, tomando as mais importantes decisões do reduto. Caminhava com seu povo, rezava com eles, definia chefias e coordenações, além de ter a função de juíza entre os sertanejos, nomeando líderes religiosos e militares e até sentenciando à morte conforme o crime ocorrido. Ela percorria cada canto do reduto a cavalo, com uma das mãos conduzia as rédeas do animal e com a outra levava o estandarte.

Além de Maria Rosa, as “virgens” Sebastiana e Etelvina viviam na “Casa das Virgens”, onde eram vistas como “santas”, e alvo da cobiça dos homens. Lá, elas viveram momentos de violência, tortura e abuso sexual por parte dos jagunços, até o dia em que Etelvina se rebelou e decidiu fugir rumo à liberdade, revelando para as demais a força, que até então, adormecia à sombra de femininos gestos suaves.

Por fim, as inúmeras mulheres que participaram da na Guerra do Contestado, no meio da floresta, reclamando por seus direitos, lutando por sua liberdade, identidade e sua história, continuam vivas no imaginário. Suas vozes, na busca por igualdade, ainda podem ser ouvidas. Outras Marias, Etelvinas, Chicas surgiram quebrando o silêncio em vários lugares do mundo na luta com o patriarcado e a opressão.

* Professor Célio Valter Mendes e Solange Ferreira, texto de abertura do mês de Março na agenda da APP-Sindicato de 2012

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