Uma nova partícula que pode ser o bóson
de Higgs foi
descoberta pelos cientistas, mas ainda são necessárias verificações para
confirmar se esta é ou não a "partícula de Deus" que os cientistas
buscam há décadas, anunciou o Centro Europeu de Pesquisa Nuclear (CERN) nesta quarta-feira.
O bóson de Higgs
é considerado pelos físicos a chave para entender a estrutura fundamental da
matéria e a partícula que atribui a massa a todas as demais, segundo a teoria
conhecida como "modelo padrão".
O físico britânico Peter Higgs teve uma epifania genial, em 1964,
ao postular a existência de uma partícula subatômica, que os físicos do CERN
afirmam ter, talvez, encontrado depois de uma longa busca.
Este homem modesto, agora aos 83 anos, exclamou: "Ah. que
merda, eu sei como fazer!" quando teve a intuição de um "campo"
que se assemelha a uma espécie de cola onde as partículas ficariam mais ou
menos presas, contou ao seu antigo colega Alan Walker.
Higgs publicou um artigo sobre sua teoria, que acabou por se
tornar o carro-chefe de uma escola científica para qual vários físicos têm
contribuído ao longo dos anos.
A descoberta do que seria o bóson de Higgs não terá tanto impacto
quanto a revolução de Galileu sobre o pensamento humano, mas ajudará a explicar
a questão das origens, de acordo com filósofos.
"É um momento emocionante para a física, mas eu acho que esta
descoberta não é comparável à de Galileu", acredita o filósofo e
astrofísico Hubert Reeves. "Ela não terá um impacto sobre todo o
pensamento humano, como a de Galileu", um forte defensor da teoria
heliocêntrica, que foi condenado pela Igreja Católica por causa de suas
descobertas científicas.
"Galileu ficou conhecido por mudar a ideia ocidental que se
tinha do mundo, houve uma revolução", concorda Jacques Arnould, teólogo
responsável pela missão ética do CNES (Centre National de Estudos Espaciais).
Apesar das dúvidas se esta nova partícula
é o bóson de Higgs ou outro tipo de partícula, os aplausos e os rostos dos
físicos reunidos em Genebra refletiam a alegria e o alívio do mundo científico.
"Nunca pensei que assistiria a algo assim em vida e vou pedir
para minha família que coloque o champanhe na geladeira", afirmou o
britânicoPeter Higgs, o
cientista de 83 anos que em 1964, ao lado dos colegas Robert Brout (falecido em
2011) e François Englert, postulou por dedução a existência do bóson que leva
seu nome.
A emoção foi
palpável e Englert, sentado ao lado de Higgs, não conseguiu conter as lágrimas.
A
matéria do princípio do Universo
As pesquisas
acontecem no Grande Colisor de Hádrons (LHC), o maior acelerador de partículas
do mundo, na sede do CERN em Genebra.
Neste túnel de 27 quilômetros de
circunferência, instalado a 100
metros de profundidade, os físicos provocam o choque de
bilhões de prótons com a esperança de encontrar, com a ajuda de todo tipo de
detectores, o rastro do bóson entre os restos (cascatas de partículas).
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