sábado, 20 de abril de 2013

Galdino, presente!


Pataxó - classificada como língua isolada mas nunca sistematicamente estudada. A língua originalmente falada pelos Pataxó não é mais utilizada. Atualmente, todo o povo Pataxó fala o português regional fluente, utilizando-se alguns indivíduos de palavras isoladas (substantivos e adjetivos) de uma língua tomada de empréstimo aos Maxacalí, povo indígena localizado numa região próxima, já no Estado de Minas Gerais. A importância deste empréstimo para os Pataxó é tão considerável que eles tendem a reconhecer o Maxacalí como a sua própria língua.
A Aldeia de Barra Velha, reconhecida pelos Pataxó como o seu local de origem – onde todos nasceram e foram criados -, localiza-se nos limites meridionais do município de Porto Seguro, a menos de um quilômetro da costa, entre as embocaduras dos rios Caraíva e Corumbáu. 
       O território delimitado pelos cursos destes dois rios pela costa atlântica a Leste, e pelo Monte Pascoal a Oeste – cerca de 20.000 hectares -, é tradicionalmente identificado pelos  Pataxó como o seu território. O Monte Pascoal, além de se constituir num limite territorial, tem grande valor simbólico como marco de identidade étnica Pataxó.
Há 15 anos, o índio pataxó Galdino Jesus dos Santos, de  O índio pataxó Galdino Jesus dos Santos, de 44 anos, que estava na cidade para comemorar o Dia do Índio, acordou em chamas e horas depois morreu no hospital com 95% do corpo queimado. Os rapazes foram reconhecidos, presos e condenados a 14 anos de prisão, mas a lei brasileira garantiu que ficassem apenas oito anos na cadeia — e com direito a várias regalias.


Para justificar o crime bárbaro, os rapazes alegaram que acreditavam ser um mendigo e resolveram "brincar" com ele. Anos depois do crime que chocou o Brasil, uma onda de ataques a mendigos e moradores de rua se espalha por Brasília e também pelo País. Só neste ano, três mendigos foram atacados enquanto dormiam no Distrito Federal. 
— Eles tinham poder onde precisavam ter. É o resumo que a promotora que cuidou do caso do índio Galdino, Maria José Miranda Pereira, faz do processo. Há 15 anos, cinco jovens de classe média colocaram fogo no pataxó Galdino Jesus dos Santos, de 44 anos, que dormia em uma parada de ônibus na Asa Sul, bairro nobre de Brasília. Ele morreu em consequência do crime bárbaro. Com trânsito no Judiciário e dinheiro para contratar os melhores advogados, os jovens assassinos tiveram benefícios e regalias que outros presos não possuem e ficaram atrás das grades pouco mais da metade do tempo a que foram condenados. 
Os jovens que atearam fogo no homem dormindo tiveram tratamento diferenciado antes e depois do julgamento, segundo a promotora. Foram presos no mesmo dia do crime e, encaminhados para a prisão, ficaram em uma cela especial. 
A promotora conta que foi desabilitada uma biblioteca na prisão para acolher os quatro, "já que corriam risco de vida" por serem filhos de juízes. No local, tinham chuveiro quente e vaso sanitário, coisa rara na penitenciária. Mesmo respondendo por crime hediondo, conseguiram antes do julgamento permissão para estudar e trabalhar. 
Os benefícios que eles tinham não era nem só pelo dinheiro. Claro que comparado às pessoas presas no Brasil, a maioria de classe muito baixa e presa por crimes pequenos, eles eram muito ricos. Mas eles tinham poder dentro do Judiciário. Tinham poder onde precisavam ter. 
No caso do menor, ele foi transferido para Recife para cumprir medidas socioeducativas. Lá, um juiz o encaminhou para cumprir pena no hospital de queimaduras da cidade. Assim, conviveria de perto com a dor que provocou no índio Galdino para se divertir. A punição durou pouco: a família e os advogados, revoltados com a "maldade" do juiz, trouxeram o infrator de volta para "refletir" em casa. 
Os advogados conseguiram atrasar o julgamento dos outros quatro jovens por cinco anos. Entraram com recurso em todas as instâncias possíveis e até no STJ (Superior Tribunal de Justiça). Queriam que os jovens fossem julgados por lesão corporal seguida de morte e não homicídio triplamente qualificado. Além disso, tentaram impedir que os garotos fossem a júri popular. 
O julgamento no Tribunal de Júri de Brasília durou cinco dias. Os jurados decidiram por cinco a dois que Max Rogério, Antônio Novely, Eron e Tomás eram culpados pelo crime classificado como hediondo. A juíza poderia escolher uma pena entre 12 e 30 anos. Eles foram condenados a 14 anos.
           Assista Expedições – Índios Pataxós e a terra do descobrimento -  este programa mostra a luta do povo que encontrou meios para resistir à pressão dos brancos e manter sua cultura.


Referências e maiores informações:

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